Jéssica Qacker
Jéssica estava estressada. Já passavam das duas da
tarde e nenhuma outra notícia do sequestro fora veiculada em nenhum jornal da
região. Seus olhos ardiam levemente graças a noite mal dormida e pelos litros
de cafeína ingeridos. Pela televisão, tudo que se dizia era “A polícia está empenhada
em capturar o sequestrador, conhecido pela alcunha de Palhaço”. A jornalista
sorriu ao acender mais um cigarro.
Estava em um bar no centro de São Paulo, lugar para
onde alguns bêbados ainda se arrastavam. Sua inseparável pasta de recortes
estava estendida sobre a mesa de madeira manchada. Jéssica corria os olhos,
fazendo comparações. Não havia nenhuma. A garota encarou o vazio por alguns
segundos, esperando que sua resposta surgisse da parede manchada do bar. O
esbarrão de bêbado a fez derrubar o café sobre o jornal que lia, fazendo o
homem ser expulso do estabelecimento a xingos e pontapés. Ao retornar seus
olhos ao papel, Jéssica agradeceu ao homem em trapos. O café delimitou
exatamente o que a mente da jornalista necessitava. As festas e as comodidades
de um complexo luxuoso, localizado no centro de São Paulo. Hotel, academias,
restaurantes e tudo o que há de melhor para a elite paulistana.
Jéssica sorriu amarelo quando leu sobre o proprietário
do lugar.
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