Aquele jovem, perdido. Jogado aos portões de um destino
oculto. Medo. Ele sentia isto, sim. Em seu modo mais puro, mais simples.
Instinto. Corria como um demônio por corredores sombrios, perseguido por seus
próprios fantasmas. Estava em busca de algo. Um coração. Uma ambição que nem
mesmo ele conseguia imaginar. Algo que lhe fora tirado há tempos, uma dor que
nem mesmo anciões conseguiam lembrar. O que fazer quando seus sentimentos
perdem a existência, desaparecem de suas conexões? Aquele jovem, aquele jovem...
Seu tempo chegaria. Sua ansiedade pelo sangue, pelo calor de
uma paixão, era maior que qualquer coisa. Suas lembranças eram vagas, mas
felizes. Um sorriso aparecia em um discreto contorno em seus lábios, mas logo
era imerso em trevas, ódio e a mais pura repulsa. Era assim que se sentia.
Perdido, abandonado, desolado. Evanescia conforme o tempo
passava, e aquilo pareceria uma eternidade. Desejava um fim, um ponto final
para tal tormento. Caminhava a passos largos para o abismo, acorrentado,
buscando a liberdade final. O vento em seus cabelos, a sensação de vertigem.
E ali estava ele, na beirada do abismo. Aquele cenário
gigantesco era ocultado pela densa neblina. Sua mente. Estava confusa, perdida.
Até que ponto aquele garoto poderia suportar as correntes da angústia? Talvez apenas mais um pouco. O bastante para
que vislumbrasse sua queda. E então, deu o próximo passo...
O vento corria. Tique-taque. O relógio passa devagar.
Tique-taque. Enlouquecer seria apenas uma forma de evanescer deste mundo ou do
outro?
E então não havia mais mentiras. Apenas os fatos que levaram
o garoto a saltar de sua realidade. Vivendo em uma queda constante, aprendeu
seus efeitos. Conheceu pessoas, cidades. Conheceu sentimentos. Em pensar que
ele nunca quis saltar. Desejava apenas a liberdade, desejava o calor, desejava.
E assim conquistou, de forma ou outra. Agora, preso no próprio abismo, luta
pela própria sobrevivência. Trancado em seu caixão, busca desesperadamente uma
chave. Seria o destino colocando-o em cárcere novamente?
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