domingo, 29 de dezembro de 2013

Abismo Pessoal

Aquele jovem, perdido. Jogado aos portões de um destino oculto. Medo. Ele sentia isto, sim. Em seu modo mais puro, mais simples. Instinto. Corria como um demônio por corredores sombrios, perseguido por seus próprios fantasmas. Estava em busca de algo. Um coração. Uma ambição que nem mesmo ele conseguia imaginar. Algo que lhe fora tirado há tempos, uma dor que nem mesmo anciões conseguiam lembrar. O que fazer quando seus sentimentos perdem a existência, desaparecem de suas conexões? Aquele jovem, aquele jovem...

Seu tempo chegaria. Sua ansiedade pelo sangue, pelo calor de uma paixão, era maior que qualquer coisa. Suas lembranças eram vagas, mas felizes. Um sorriso aparecia em um discreto contorno em seus lábios, mas logo era imerso em trevas, ódio e a mais pura repulsa. Era assim que se sentia.

Perdido, abandonado, desolado. Evanescia conforme o tempo passava, e aquilo pareceria uma eternidade. Desejava um fim, um ponto final para tal tormento. Caminhava a passos largos para o abismo, acorrentado, buscando a liberdade final. O vento em seus cabelos, a sensação de vertigem.

E ali estava ele, na beirada do abismo. Aquele cenário gigantesco era ocultado pela densa neblina. Sua mente. Estava confusa, perdida. Até que ponto aquele garoto poderia suportar as correntes da angústia?  Talvez apenas mais um pouco. O bastante para que vislumbrasse sua queda. E então, deu o próximo passo...

O vento corria. Tique-taque. O relógio passa devagar. Tique-taque. Enlouquecer seria apenas uma forma de evanescer deste mundo ou do outro?


E então não havia mais mentiras. Apenas os fatos que levaram o garoto a saltar de sua realidade. Vivendo em uma queda constante, aprendeu seus efeitos. Conheceu pessoas, cidades. Conheceu sentimentos. Em pensar que ele nunca quis saltar. Desejava apenas a liberdade, desejava o calor, desejava. E assim conquistou, de forma ou outra. Agora, preso no próprio abismo, luta pela própria sobrevivência. Trancado em seu caixão, busca desesperadamente uma chave. Seria o destino colocando-o em cárcere novamente?

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