Passaram-se vinte minutos. Continuo escorado nesta frágil parede de concreto, pensando. Meus pés não se mexem, por mais que eu queira sair deste lugar fétido. Existiria uma porta, um fim para este tormento? Forço minha vontade sobre este corpo enfraquecido e cambaleio vacilante por esse cômodo. Acerto a parede adjacente com meu ombro. Dor. Uma pontada lancinante desce pelo meu braço e atinge até a extremidade da minha mão. Observo com o olhar atento de um cego a parede. Estou preso. Estou sozinho.
Choro. Desespero. É aterrador este sentimento. Jogado no chão agora, sem esperanças, sufoco com minhas lágrimas. Minha cabeça dói, minha garganta está fechando. O ar está falhando e minha mente vagueia. A doce neblina da distração vem me agraciar com um pouco de calma. Estou sozinho.
Acordo. A escuridão me dá boas vindas enquanto observo o teto. Apesar de saber da inutilidade do feito, abro os olhos. Minhas costas doem, provavelmente pelo esforço contínuo e a posição em que desmaiei. Gargalho, porém nenhum som sai de minha boca. Até mesmo isso, penso. Cego, mudo. Provavelmente estou surdo também, mas não é algo que possa confirmar. Fecho os olhos novamente, esperando pela morte. Estou sozinho.
Sozinho. Essa palavra se repete. Entre quatro paredes, preso em um cubículo. Talvez houvesse uma porta. Talvez, só talvez, um pouco de esforço me fizesse chegar a ela. O medo foi o primeiro a me consumir, levando toda minha esperança. Depois veio a escuridão e com ela, o desespero de estar sozinho. Mas estou realmente sozinho?
Não, responde a voz. Sorrio. Parece que minhas preces foram atendidas. Ela chegou.
A porta se abre. Luz. Som. Ar.
Acordo e o sol ainda não nasceu. Preso aos grilhões invisíveis da minha mente, um pesadelo recorrente.
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