Simples dizer que apenas sinto a culpa. É algo mais complexo, corroendo estas entranhas amaldiçoadas e tragando-as para o inferno da dor. Mesmo estes olhos azuis de esperança, que um dia refletiram as belezas do mundo, estão para sempre perdidos em um labirinto avermelhado de destruição. Um sorriso costumava formar-se entre meus lábios, um sorriso de verdadeira felicidade. Este sorriso se perdeu com minha inocência, cortado em milhões de pedaços pela desgraça e corrupção. Este é o fator que me levou ao fim. Estes ossos que erguem meu corpo estão corroídos, podres por dentro. O sangue tornou-se ácido, queimando através da pele e formando bolhas de pus enegrecido. Estou podre por dentro, minha mente curva-se perante a obediência do destino. Sinto que posso morrer a qualquer momento, mas a vida é uma vadia ingrata e justamente por este motivo, não partirei. Estarei amaldiçoada a caminhar por esta terra cinzenta, com minha carne se putrefazendo e meus olhos derramando o sangue que antes corria em minhas veias.
A corrupção traça seu caminho por meu corpo, destruindo e transformando cada célula. A dor e o horror tornam-se impossíveis de serem explicados apenas por gritos desesperados. Os momentos de maior tensão estão nas lembranças, amarguradas e ressentidas, latentes neste coração imundo. Por quanto tempo continuará batendo? Por quando tempo continuará me amaldiçoar?
A corrupção traça seu caminho por meu corpo, destruindo e transformando cada célula. A dor e o horror tornam-se impossíveis de serem explicados apenas por gritos desesperados. Os momentos de maior tensão estão nas lembranças, amarguradas e ressentidas, latentes neste coração imundo. Por quanto tempo continuará batendo? Por quando tempo continuará me amaldiçoar?
Pintura e texto: Murilo Lamegal
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