segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Capítulo XVIII

Lázaro Pinheiro


Lázaro havia pensado o mesmo que Jéssica. Uma reunião com Lúcio e algumas vistorias no sistema de segurança poderiam dar uma pista do paradeiro do assassino. Sem dúvidas, o Palhaço estava hospedado no Complexo. O detetive havia constatado isso após o atentado contra a vida de Helena Almeida de Chagas, a recepcionista do hotel. Durante a rápida viagem de elevador, discutiu alguns pontos com Jéssica, revelando detalhes da personalidade da garota que fizeram o ex-investigador corar por julgar-lhe tão mal. De fato, Jéssica contou-lhe tudo que acontecera. Estava cansada de uma vida de mentiras e falsidade. Lázaro ouvia tudo com total atenção. 

Chegaram ao apartamento de Lúcio, que se encontrava entreaberto. Os dois companheiros recém-descobertos olharam-se em dúvida. Lázaro foi o primeiro a avançar, abrindo a porta lentamente. Testou o interruptor, mas este estava desativado. Talvez uma pane no sistema elétrico? Pensou Lázaro. Caminharam com a ajuda de uma pequena lanterna trazida por Jéssica. Em base, o apartamento tinha um requinte a mais dos demais. Uma cama por fazer estendia-se por quase todo o quarto e um amplo espelho emoldurado jazia na parede.

– Ilumine ali – Pediu Lázaro. Jéssica apontou para a parede, onde parte do espelho parecia desfalcada. A passos largos, Lázaro chegou ao objeto notando um fundo falso – Uma porta... Lúcio Moraes, o que diabos você está fazendo? – Perguntou-se Lázaro.

– Não devíamos estar aqui... Ele pode voltar ou pode estar aí dentro... – Disse Jéssica, temerosa. Lázaro encarou a jornalista com seu sarcasmo habitual.

– O que é isso? Redenção? – Disse o detetive, adentrando a escuridão – Como se fosse a primeira vez que você faz isso não é mesmo Srta. Qacker... – Jéssica deu de ombros, sorrindo de canto. Entrou pelo fundo falso, acompanhando Lázaro.

A dupla entrou em um estado quase catatônico ao ver a coleção de obras de arte. Quadros, esculturas. Céus! A taça da copa! Pensou Lázaro. Esse filho da mãe tem a taça da copa! Caminharam entre os objetos, até Jéssica tropeçar em algo. Lázaro constatou que eram roupas usadas, sujas por alguma coisa viscosa.

– Hei! Ilumine isso daqui... – Pediu Lázaro, cauteloso. Temia pelo pior. A luz revelou o carmesim incrustrado no tecido. Lázaro soltou a peça assim que sua iluminação deixou-o na escuridão. Algo mais produzia luz naquela sala.

Jéssica caminhava mais adiante, encarando uma série de televisores. Muitos mostravam quartos e outros ambientes do complexo e diversas anotações estavam espalhadas ali pelo chão. Lázaro pôs-se a ler uma delas.

Alexandre Camargo. Acrofobia, medo de altura.

Lázaro tremeu. Em um coldre axilar, seu velho revólver clamava por justiça. Mostrou o papel para Jéssica.

– Meu deus... Eu sei onde eles estão... Olha! – Apontou Jéssica para um dos televisores, que mostrava um homem amordaçado sendo questionado pelo palhaço.


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